A íntegra da coluna redigida pelo jornalista Robson Oliveir
RESENHA POLÍTICA
Uma centelha para uma candidatura virar cinzas; Problema de eleição é o imponderável; Críticas ao sistema de saúde pública
A íntegra da coluna redigida pelo jornalista Robson Oliveira
Uma centelha para uma candidatura virar cinzas; Problema de eleição é o imponderável; Críticas ao sistema de saúde pública
Por Robson Oliveira
Publicada em 16/07/2024 às 13h51
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PESQUISA
Se depender dos dados, ao que parece, extraídos pela assessoria do prefeito da capital de uma pesquisa que pulula por aí, a sucessão para o paço municipal está definida em razão da sua influência sobre os votos e o eleitor. Pelo release, será uma eleição homologatória da ungida para sucedê-lo pelos quatros próximos anos. É óbvio que a candidata apadrinhada de Chaves passa a ser uma forte candidata com probabilidades de vitória, mas cravar que é imbatível por tais circunstâncias vai uma distância incomensurável para quem é do ramo eleitoral. O instituto responsável pela pesquisa é respeitado e sempre atendeu clientes importantes da capital em outras campanhas.
CENTELHA
Diz o adágio que em eleição e mineração o resultado é conhecido somente após a apuração. Na literatura eleitoral brasileira há inúmeros registros de pesquisa apontar um vitorioso e, após as urnas apuradas, o resultado ser bem distinto daquele previsto nos percentuais pesquisados. O próprio Hildon Chaves é um exemplo desta máxima quando saiu vencedor de um pleito quando poucos acreditavam. Reprisar a mesma gabolagem é esquecer que na política basta uma mínima centelha para uma candidatura virar cinzas.
PESQUISAS
Nas eleições estaduais passadas a maioria das pesquisas apontavam que Marcos Rocha venceria ainda no primeiro turno levando à vitória, junto consigo, a candidata ao Senado e quase todas as vagas da Câmara Federal. Apuradas as urnas no primeiro turno de 2022, a profecia estatística não se confirmou.
CEDENDO
Para sair vitorioso na reeleição, a turma de Rocha foi obrigada abrir o cofre estadual aos prefeitos, negociar espaços no governo com opositores e apelar na surdina por alguns votos envergonhados das esquerdas, se não teria perdido para Marcos Rogério, candidato que foi ao segundo turno com Marcos Rocha tecnicamente empatados.
CHOQUE
Não fosse essa tropa de choque de políticos de todos os matizes pedindo votos para o governador Marcos Rocha, além de uma certa empáfia do adversário em dialogar com outras forças partidárias, certamente o resultado poderia ter sido outro. Lembrando ainda que, na véspera do segundo turno, todas as pesquisas divulgadas indicavam Marcos Rogério favorito, mas o resultado final todos sabem qual foi. Campanha tem começo, meio e fim, embora alguns iniciem a campanha pelo final.
IMPONDERÁVEL
A administração de Hildon Chaves na capital é boa sim. Fez muito mais que todos os antecessores juntos e estabeleceu algo até então inédito no município que é iniciar e concluir as obras (raras são as exceções) em tempo consideravelmente razoável. Merece por justiça o reconhecimento dos munícipes. O problema é achar que é uma unanimidade: o que não é. Erra, no entanto, ao somar as variáveis pesquisas de aprovação com aquela indicada como regular. É uma soma que na estatística é cientificamente equivocada. O problema de eleição é o imponderável, um detalhe importantíssimo que dificilmente as pesquisas colhidas um dia anterior às eleições identifica.
EXPERIÊNCIA
Quem transita no mundo e submundo das eleições no município de Porto Velho aprende na marra que nem sempre o resultado final das eleições é aquele monitorado dia a dia. Porto Velho tem um eleitor complexo que não aceita o garroteamento prévio, e vota munido de observação atenta aos debates, ao perfil do candidato e às propostas objetivamente consideradas na campanha. A experiência ensina também que um número robusto de inscritos para votar decide o voto nos últimos três dias da eleição. Portanto, até a última semana das eleições os candidatos terão que administrar as campanhas de olho nos números que monitoram o dia anterior à campanha.
BIRUTA
Isso não significa que as pesquisas de forma geral erram. Erram também, mas a média é o retrato do dia em que os dados são colhidos. Portanto, são dados mutáveis que se ressignificam conforme as circunstâncias políticas de cada momento em que são tabulados. É também uma ferramenta indispensável ao candidato que capta aquilo que o eleitor pensa e quer na administração. Não é algo vulgar como alguns pensam, é um poderoso dado para uma campanha na mão de quem sabe abstrair dos dados ocultos aquilo que poucos veem. Sem tais dados, bem interpretados, o candidato fica à mercê de improvisos feito biruta de aeroporto que se move inesperadamente em razão dos ventos. Razão pela qual alguns candidatos perdem uma eleição aparentemente ganha num soprar dos ventos.
SAÚDE
A saúde pública, em qualquer pesquisa que se aplique em Rondônia, aparece como a principal carência da população. As críticas ao sistema de saúde pública estadual são a única unanimidade e sem indicativo de melhoria. Ao contrário, piora a cada dia sem quem nenhum governante consiga apresentar dados alvissareiros.
VISÃO
As unidades hospitalares, principalmente o Pronto Socorro João Paulo II, funcionam em condições desumanas. A área da saúde continua a ser o grande desafio aos candidatos à prefeitura, que, nas campanhas, prometem as mais variadas soluções, mas quando vencem, deixam nas mesmas condições que encontraram. Saúde pública exige espírito público e competência de gestão para aplicar de forma correta e eficiente os parcos recursos disponíveis a salvar as vidas dos munícipes. Quem administra recursos destinados à área não pode gerenciar com uma visão privada do setor, uma vez que mais importante que o lucro é a vida de quem mais necessita de assistência.
HEURO
No final semana a TV Record veiculou uma matéria exatamente sobre as péssimas condições do hospital João Paulo II, além de críticas acerbas à obra prometida de construção do Heuro, em Porto Velho.
DESCASO
A matéria está sendo distribuída nos mais variados grupos de WhatsApp, especialmente pelos pré-candidatos a prefeitos de oposição. O seu conteúdo revela o descaso dos nossos governantes com o erário e o desprezo com o eleitor mais carente da pirâmide social. É uma obra prometida pelo atual governador em duas eleições consecutivas, envolta em suspeitas de irregularidades no processo que escolheu a empresa vencedora do leilão destinado à sua construção. É uma matéria com endereço e alvo definidos, mas retrata o quanto nossos políticos mentem aos eleitores para conseguir o voto.
INVESTIGAÇÕES
Há inúmeros procedimentos investigativos em andamento sobre as condições da saúde pública em Rondônia e eventuais atos de improbidade. Em breve a população será informada sobre alguns destes procedimentos que estão adiantados na persecução penal. Há um caso curioso envolvendo inclusive uma agente pública de segurança que supostamente fornecia informações confidenciais a um grupo investigado por ser fornecedor do estado. É uma investigação que tende a escalar o STF em razão dos laços sanguíneos com uma autoridade com prerrogativa de foro, com dados investigatórios, segundo a coluna apurou, compartilhados com outras esferas onde os procedimentos estão em apuração.
GUAJARÁ
Menos de uma semana após o retorno à titularidade da prefeitura de Guajará-Mirim, a Justiça Estadual voltou a afastar a prefeita Raissa Bento por suspeita de fraudes às licitações, usurpação de função pública, violação do sigilo funcional, entre outros. O município de Guajará-Mirim tem sido vítima de administrações desastrosas que eventualmente confundem o público com o privado sem o menor pejo. Uma pérola onde árabes, judeus, entre outras etnias, construíram uma história que ainda encanta os rondonienses. É uma pena que as castas políticas do município não tenham percebido que a Pérola do Mamoré merece um alcaide tão digno quanto os antepassados pioneiros. Administração Pública de Guajará, infelizmente, tem sido um problema de polícia. Já que a política insiste em ficar a margem da lei. Todos esperam que desta vez a prefeita não volte nunca mais.
FLORESTA TIPO B
Mesmo sendo criticado exaustivamente pelos setores mais extremados da política estadual, o senador Confúcio Moura (MDB), de forma silenciosa, conseguiu convencer o governo federal a revisar o Decreto nª 11.688, que afetava mais de 70 mil produtores rurais rondonienses com medidas ambientais restritivas, principalmente à regularização fundiária e ao crédito. Com a mudança os produtores rurais poderão regularizar suas propriedades junto ao INCRA e adquirir toda a assistência técnica governamental, além de financiamentos nas esferas pública e privada. Uma revogação que silencia os críticos do senador por uma suposta traição ao setor produtivo.
PERFIL
A pré-candidata a prefeita da capital Euma Tourinho (MDB), juíza aposentada, começa a se movimentar com desenvoltura sem os apoios ostensivos dos adversários. Não fez ainda comentários públicos que revelem quais as linhas gerais das propostas para a administração; mas, por natureza, é ousada e possui temperamento forte o suficiente que pode chamar a atenção do eleitor nos debates.
COLETE
Conhecida nos meios forenses pela contundência, nos meios sociais pela temperança, é uma incógnita na política. No entanto, é bom não subestimar a emedebista porque já vi um filme parecido com o mesmo perfil. Falta-lhe orientação mais apurada para que a desenvoltura seja leve e firme, sem cair na ingenuidade da obviedade. Tudo indica que alguns setores estão mais incomodados com a bobagem do colete que usa do que com o conteúdo que carrega no bolso interno do vestuário.