[ad_1]
As histórias por trás da bebida e sua própria composição, que é mais adaptável a qualquer paladar e ocasião, são parte da razão do sucesso. Mercado de espumantes no Brasil tem crescido significativamente nos últimos anos. Por que o espumante se tornou a bebida da festa de ano novo
Roupas brancas, uma bela ceia, contagem regressiva e o estouro da rolha de uma garrafa de espumante. Nem precisaria descrever mais para saber que se trata do ritual de réveillon.
O hábito de brindar pelo ano que está chegando com os vinhos espumantes é tão popular que a época entre setembro e dezembro se consolidou como a mais importante para as empresas que vendem esse tipo de bebida.
Produtores ouvidos pelo g1 relatam que o faturamento com as bebidas para os festejos de Natal e réveillon variam de 40% a 70% do total faturado no ano todo com o produto.
Mas por que a tradição do espumante persiste na celebração de ano novo, mesmo em um país dominado pelo consumo de cerveja, ou que tem a cachaça como símbolo?
Especialistas apontam dois principais motivos:
o fator histórico do espumante como bebida das celebrações da nobreza europeia;
a própria composição da bebida, que é mais adaptável a qualquer paladar.
Brinde com espumante
Quan Nguyen/Unsplash
Entenda mais detalhes a seguir.
LEIA TAMBÉM
Por que o mercado aposta em espumantes e brancos para reverter consumo em queda
VÍDEO: Bartenders lucram com consultorias e cartas assinadas para restaurantes, que focam em harmonização
Coquetelaria em alta traz a ‘Copa do Mundo’ de bartenders ao Brasil
A história por trás dos espumantes
O sommelier e pesquisador em vinhos Marcelo Vargas conta que há várias histórias por trás da criação e da associação do espumante aos momentos de festividades, mas que nenhuma delas é “100% comprovada”.
A mais clássica diz que Napoleão Bonaparte, importante líder militar francês do século XVIII, era um apaixonado por champagne, espumantes da região francesa de mesmo nome e que são as maiores referências no estilo. A ele é atribuída a ideia de que, em momentos de vitória, a bebida é “merecida”, e nas derrotas, “necessária”.
Antes, contudo, o espumante não era visto com bons olhos pelos franceses.
Os vinhos com borbulhas — que têm sua origem atribuída à região de Champagne, perto de Paris — eram entendidos como uma falha do processo. A história conta que, em períodos de inverno, a fermentação dos vinhos era interrompida por conta das baixas temperaturas e as bebidas, então, eram engarrafadas.
Porém, com a chegada da primavera, a fermentação do vinho se reiniciava e ocorria a liberação de gás carbônico dentro das garrafas, formando as bolhas. Antes, as garrafas sequer eram preparadas para essa segunda fermentação e estouravam, gerando prejuízos.
Uma das lendas sobre o desenvolvimento dos espumantes diz que um monge francês, Dom Pierre Perignon, foi quem conseguiu transformar o problema dos vinhos que estouravam garrafas naquilo que virou o champagne, procurando por embalagens mais resistentes e buscando formas de avançar nos processos de produção e armazenamento.
Estátua de Dom Perignon na entrada da sede da Moet & Chandon, em Epernay, leste da França
Foto AP / Emma Evandore, Arquivo
Ninguém sabe, ao certo, se realmente foi ele quem deu origem aos vinhos espumantes. Algumas versões atribuem o feito aos ingleses, por exemplo.
No entanto, Dom Perignon foi importante para o início da popularização da bebida e, não à toa, um dos mais conhecidos champagnes do mundo leva seu nome.
A partir do século XVIII, com a estabilização do champagne dentro das garrafas, o espumante passou a ser apreciado como uma bebida da nobreza e estava muito presente nas comemorações.
Segundo Vargas, o fato de os franceses serem associados a “festas muito importantes e confraternizações de realeza e imperadores”, o consumo dos espumantes passou a ser desejado em comemorações pelo mundo por trazer essa simbologia.
O produto passou a ser exportado para outros países naquela época e caiu no gosto, particularmente, dos czares russos. Eles tiveram, inclusive, um champagne para chamar de seu no fim do século XIX e começo do XX: o Cristal.
Esse tipo de espumante, que é armazenado em uma garrafa transparente, foi uma encomenda especial do czar Alexandre II por medo de ser envenenado. Foi uma exclusividade do país até 1924, quando a marca fabricante, Louis Roederer, passou a comercializá-lo em outras partes do mundo — uma garrafa pode ser encontrada por aqui por mais de R$ 2,5 mil.
Os vinhos espumantes que podem levar o nome de champagne são apenas aqueles produzidos em Champagne. Mas a produção, assim como o gosto pelos espumantes, não se limitou àquela região e, hoje, vários países desenvolvem suas bebidas, inclusive o Brasil.
De onde vem o espumante
O mercado de espumantes
Os espumantes estão se tornando a “joia da coroa” das produtoras de vinhos no Brasil. Um levantamento da Euromonitor International para reportagem do g1 sobre o mercado de vinhos mostrou que, embora o vinho tinto ainda seja o mais consumido no Brasil, com 60% do mercado, o volume de vendas dos espumantes cresceu mais nos últimos anos.
Em 2019, antes da pandemia, foram vendidos 25,9 milhões de litros da bebida. Em 2022, foram 30,6 milhões de litros.
Uma junção de fatores explica o sucesso de espumantes no Brasil, a começar pela produção. O país tem o “terroir” ideal para a produção de espumantes, isto é: o clima, regime de chuvas, tipo de solo e outros fatores naturais favorecem a produção de uvas que dão bons espumantes.
Além disso, o próprio clima do Brasil favorece o consumo dos espumantes. “O Brasil é um país quente e o espumante, além de ser fresco, é recomendado ser consumido em temperaturas mais baixas, o que facilita o consumo tanto em locais fechados quanto em locais abertos, mais quentes”, diz o sommelier Marcelo Vargas.
Outro ponto: há uma enorme oferta de tipos de espumantes, dos doces aos mais secos, leves e encorpados. Assim, é mais fácil encontrar algum que agrade o paladar do consumidor, em várias faixas de preço.
“Espumante é mais fácil de ser consumido do que vinho tradicional. Ele tem menos álcool, é mais fresco, tem um pouco mais de acidez, tem as borbulhas. Tudo isso o torna mais fácil de ser consumido, mais palatável a todos os gostos”, comenta Vargas.
O sucesso no réveillon
Ainda que tenha boa qualidade, bastante oferta e bom preço, permanece a pergunta do motivo pelo qual a venda de espumante fica tão concentrada no final de ano. A Pesquisa Hábitos e Atitudes Consumo de Bebidas Celebrantes, realizada em 2023 pelo Instituto Inside, traz algumas pistas.
“O ato de abrir já é uma grande festa pelo estouro. É como se te dissessem que a sua vida está subindo ou que aquele ano deu certo”, respondeu uma das entrevistadas, uma mulher do Rio de Janeiro, ao ser perguntada sobre a razão para escolher espumantes em momentos de celebração.
Outra respondente, uma mulher de Salvador, disse que “as bolhas te trazem uma experiência diferente, que vai para o paladar, como se fossem fogos de artifício”.
“Os espumantes cumprem bem o papel de ser um complemento às comemorações porque trazem a característica do estouro, que faz aquele barulho, o borbulhar, que lembra uma explosão na boca. Não tem gênero, não tem nada, todo mundo quer essa explosão”, afirma Alexandre Wolff, diretor-presidente da CRS Brands (dona de marcas como Cereser e Chuva de Prata),
Wolff conta que, para a empresa, o último trimestre do ano representa aproximadamente 70% de todo o volume de vendas anual. “Nós consideramos que, se não fizermos o volume de negócios de fim de ano, não fazemos o ano da companhia”, comenta o executivo.
O empresário afirma que a busca por outros vinhos e destilados da empresa mantêm, nos demais trimestres, uma trajetória regular. Já os espumantes têm 85% das vendas entre setembro e dezembro, o que representa um volume quase sete vezes maior que o período entre janeiro e agosto.
A produtora de vinhos Miolo experimenta uma dinâmica parecida. Em nota enviada ao g1, a empresa afirma que produz cerca de 12 milhões de litros de vinhos por ano, sendo 30% só de espumantes. Desse montante, o maior volume de venda do ano inteiro, cerca de 40%, ocorre no último trimestre.
Alexandre Wolff, diretor presidente da CRS Brands, empresa dona de marcas como Cereser, Chuva de Parta, Dom Bosco e Georges Aubert
Bruna Miato/g1
Alexandre Wolff, CRS Brands, conta que, pela importância que tem a bebida nos negócios da companhia, todas as estratégias que envolvem os lançamentos de qualquer espumante começam, no mínimo, um ano antes. “Agora, por exemplo, estamos focados na bebida que vamos lançar para o réveillon de 2024 para 2025”.
O presidente da CRS afirma que os últimos anos apresentaram diferentes desafios para o a companhia. Em 2020, na contramão do mercado de vinhos, as vendas de espumantes despencaram por conta da pandemia.
Naquele ano, o vinho ganhou espaço ao se tornar a escolha de bebida para momentos de lazer em casa. Com o setor de eventos paralisado e fechamento de bares e restaurantes, o espumante e a cerveja perderam espaço.
Wolff afirma que as vendas da empresa tiveram alguma recuperação em 2021, mas não decolaram em 2022, por conta da Copa do Mundo, que aumenta o consumo de cerveja.
Para 2023, a expectativa é que o volume total de vendas não seja muito diferente do que foi no ano passado. Desta vez, o motivo é a desaceleração da economia, que leva a uma migração do dinheiro do consumidor para itens mais essenciais.
[ad_2]
Source link
Subscribe to Updates
Get the latest creative news from FooBar about art, design and business.