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O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, em montagem
Reuters/Arte g1
Depois de um ano conturbado, com guerra declarada da parte do presidente Lula no início do ano, o petista e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, estão terminando 2023 com uma relação pacífica e até com brincadeiras feitas pelo chefe do Executivo.
A mudança, segundo auxiliares, ocorreu por dois motivos. O primeiro, claro, porque o BC começou a reduzir os juros. O segundo, porque Lula decidiu conversar com Campos Neto.
Um interlocutor do presidente do Banco Central costumava dizer para a equipe do presidente da República que ele mudaria a opinião sobre Campos Neto no dia em que decidisse recebê-lo e conversar sobre economia e até sobre a área social.
“Se ele receber o Roberto Campos Neto, vai mudar de opinião”, disse o interlocutor a ministros de Lula, que hoje reconhecem que o governo errou em tentar isolar o presidente do BC.
Segundo ministros, a avaliação de Lula e sua equipe sobre o presidente do BC é que ele estava a serviço do bolsonarismo e que trabalhava contra o governo do petista.
Ministros e líderes de Lula chegavam a recusar pedidos de conversa com Campos Neto no início do ano. “Não vou perder meu tempo recebendo o presidente do BC, ele tem lado e mostra isso”, disse ao blog um líder durante o ano. Hoje, ele admite que teve um erro de avaliação.
Em uma reunião no Palácio do Planalto, neste segundo semestre, Lula chegou a brincar que os encontros do governo agora tinham até a participação do presidente do Banco Central, arrancando risos dos presentes.
Campos Neto terminou o ano participando de um churrasco promovido pelo presidente da República na Granja do Torto.
Dentro do governo, Campos Neto teve sempre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, como seu principal interlocutor, o que não impedia o chefe da equipe econômica de fazer críticas ao Banco Central por demorar a reduzir a taxa de juros.
Por sinal, a melhora no relacionamento entre Lula e Campos Neto não muda a opinião do presidente de que o Banco Central demorou muito a cortar a taxa de juros.
O petista espera que o BC continue reduzindo os juros ao longo de 2024, mas, no mercado, a aposta é que ele deve parar o ciclo de corte da taxa Selic quando ela estiver na casa dos 9% ao ano.
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