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Um segundo lote de documentos judiciais ligados ao bilionário americano Jeffrey Epstein, encontrado morto em 2019 após ser acusado de exploração sexual de menores, mostra como dezenas de meninas e adolescentes foram recrutadas em sua mansão à beira-mar Jeffrey Epstein, preso por crimes sexuais, em fotografia tirada pela Divisão criminal de justiça de Nova York
New York State Division of Criminal Justice Services/Handout/File Photo via REUTERS
Um segundo lote de documentos judiciais ligados ao bilionário americano Jeffrey Epstein, encontrado morto em 2019 após ser acusado de exploração sexual de menores, mostra como dezenas de meninas foram recrutadas em sua mansão à beira-mar.
Em depoimento, um policial da Flórida afirmou que 30 mulheres falaram com ele sobre “fazer massagens e trabalhar” na casa do empresário. Algumas delas teriam sido pagas para levar outras amigas.
Os autos do processo foram tornados públicos por ordem de uma juíza federal dos Estados Unidos.
Eles fazem parte de um processo contra Ghislaine Maxwell, ex-namorada de Epstein.
Maxwell e Epstein são acusados de comandar uma rede de tráfico sexual de menores. Maxwell foi condenada a 20 anos de prisão e permanece presa em uma cadeia federal dos Estados Unidos.
Grande parte do material deste lote e das 900 páginas reveladas na quarta-feira (04/01) já haviam sido tornadas públicas durante o julgamento de Maxwell.
Em um depoimento de 2016, Joseph Recarey, detetive da polícia em Palm Beach, disse que aproximadamente 30 mulheres falaram com ele sobre “massagens” na casa de Epstein à beira-mar.
Ele disse que Maxwell também estava envolvida no recrutamento das meninas.
Recarey testemunhou que apenas duas das meninas tinham alguma experiência com massagens e a maioria delas tinha menos de 18 anos.
Quando questionado sobre como Epstein conseguiu ter acesso a tantas meninas menores de idade, o detetive respondeu: “Cada uma das vítimas que foram para a casa foi convencida a levar amigas.”
Algumas pessoas foram pagas para recrutar outras garotas, segundo o policial. “Quando iam fazer uma ‘massagem’, era para satisfação sexual de Epstein.”
Vista aérea da ilha Little St James, de Jeffrey Epstein
REUTERS
Clinton e Epstein
Em dezembro, a juíza Loretta Preska decidiu que não havia mais qualquer justificativa legal para manter em sigilo os nomes de mais de 150 pessoas mencionadas no caso de difamação movido por Virginia Giuffre, uma das mulheres que acusam Epstein, contra Maxwell.
Pessoas são mencionadas de passagem como parte de vários processos judiciais e a sua inclusão não significa necessariamente que tenham participado de irregularidades relacionadas com Epstein.
Os autos do tribunal abertos na quarta e quinta-feira contêm referências ao príncipe Andrew, do Reino Unido, e ao ex-presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton.
Entre as acusações anteriormente detalhadas contra o príncipe Andrew está a de que ele abusou sexualmente de uma menor em Londres, Nova York e na ilha de Epstein, nas Ilhas Virgens, depois que a adolescente foi instruída por Maxwell a fazê-lo.
Andrew negou essas acusações.
Os novos documentos também incluem uma sugestão de um advogado de Virginia Giuffre de que o ex-presidente Clinton “pode ter informações” sobre as atividades de Maxwell e Epstein, porque viajou com eles.
Clinton reconheceu ter acompanhado Epstein em seu jato particular em viagens de ajuda humanitária, mas negou qualquer irregularidade ou conhecimento sobre crimes.
Nos documentos, não há nenhuma indicação de ilegalidade por parte de Clinton.
O último lote contém uma alegação de Giuffre de que o ex-presidente dos EUA foi à redação da revista americana Vanity Fair para tentar convencer jornalistas a não escreverem artigos sobre o tráfico sexual relacionado ao seu “bom amigo” Epstein.
O bilionário americano foi preso em julho de 2019
GETTY IMAGES
A BBC procurou a Fundação Clinton para comentar, e um porta-voz citou uma declaração do ex-editor da Vanity Fair, Graydon Carter, que afirmou que o suposto incidente “não aconteceu”.
A BBC entrou em contato com a Condé Nast, controladora da Vanity Fair, para comentar, mas não obteve resposta.
Em outro ponto, a ex-jornalista do jornal Mail on Sunday Sharon Churcher e Giuffre discutem uma abordagem da revista Vanity Fair para comprar uma foto de Giuffre.
A jornalista aconselha Giuffre a dizer que não tem mais nada a revelar naquele momento sobre como foi supostamente traficada sexualmente para “dois dos políticos mais respeitados do mundo”. Os nomes dos supostos políticos não são mencionados no e-mail.
Em outro processo judicial divulgado na quarta-feira, uma mulher identificada como “Jane Doe #3” alega ter sido traficada por Epstein “para fins sexuais com muitos outros homens poderosos, incluindo numerosos políticos americanos proeminentes, executivos de negócios poderosos, presidentes estrangeiros, um conhecido primeiro-ministro e outros líderes mundiais”.
“Jane Doe #3” já foi citada em reportagens da mídia como sendo a própria Virginia Giuffre.
No processo, os advogados de Maxwell argumentam que a jornalista Sharon Churcher ajudou a “inventar” acusações contra o príncipe Andrew, bem como contra um procurador dos EUA, Alan Dershowitz.
A BBC entrou em contato com Churcher e com o jornal Mail on Sunday para comentar, mas não obteve resposta.
Dershowitz apresentou uma moção solicitando a divulgação dos documentos na quinta-feira, seguindo um pedido do jornal Miami Herald. Ele negou qualquer transgressão.
O ex-professor de Direito de Harvard disse à Fox News Digital na quinta-feira que ainda há “provas contundentes que não foram divulgadas”.
“Eles estão relacionados à credibilidade – e à falta dela – de alguns acusadores e de alguns acusados. Eu vi esses documentos suprimidos. Nada deveria ser suprimido.”
Epstein se declarou culpado de solicitar prostituição a um menor em 2008. O empresário tirou a própria vida em 2019 enquanto aguardava julgamento por acusações de tráfico sexual.
Maxwell, filha do magnata do ramo editorial Robert Maxwell, cumpre atualmente uma pena de 20 anos de prisão por seu papel como recrutadora de meninas para Epstein. Seus advogados estão recorrendo da sentença.
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