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Assassinato de dirigente do Hamas no Líbano, explosões no Irã e ataques marítimos de rebeldes do Iêmen agravam tensões no Oriente Médio. Bombas matam 95 pessoas e ferem outras 211 em cerimônia no Irã
Três graves episódios sugerem a propagação da guerra Israel-Hamas para um conflito regional no Oriente Médio.
O assassinato de Saleh al-Arouri, alto dirigente do Hamas, num reduto do Hezbollah em Beirute, atribuído a Israel. As duas misteriosas explosões no Irã, com 84 mortos durante as homenagens do quarto aniversário da morte de Qassem Soleimani, o poderoso comandante da Guarda Revolucionária. E, por fim, o alerta de 12 países, liderados pelos EUA, aos rebeldes houthis do Iêmen, apoiados pelo Irã, sobre os sucessivos ataques marítimos no Mar Vermelho e no Golfo de Áden.
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Os incidentes parecem conectados. Número dois do Hamas, Arouri atuava como um importante interlocutor e articulador do grupo palestino com o Hezbollah e o Irã e exercia, mesmo de longe, influência na Cisjordânia.
Seu assassinato pode institucionalizar a expansão da guerra para os países que hospedam dirigentes do Hamas, como Líbano, Catar e Turquia.
O governo israelense não assumiu a responsabilidade pelo ataque em Beirute, mas o aspecto cirúrgico reflete um modus operandi já aplicado pelo país em outros assassinatos preventivos de seus inimigos.
Desde o massacre do Hamas em solo israelense, em outubro, seguido da invasão da Faixa de Gaza, o Hezbollah, com o patrocínio do Irã, vem dando suporte ao grupo palestino, por meio de ataques diários na fronteira norte de Israel.
Estima-se que o Hezbollah disponha de um arsenal de 150 mil mísseis escondidos no sul do Líbano, com capacidade infinitamente maior do que a do Hamas.
Mas, até agora, o grupo vem calibrando a extensão de seus ataques, limitando-se à fronteira, de forma a não arrastar o Líbano para uma guerra. Da última vez que isso aconteceu, em 2006, as consequências foram desastrosas para o país.
O assassinato de Arouri em território libanês tem potencial para mudar essa estratégia do Hezbollah. As primeiras declarações do chefe do grupo, Hassan Nasrallah, contudo, afastaram os temores de uma retaliação imediata, dando a entender que tanto o grupo libanês quanto o Irã não pretendem se envolver em uma guerra aberta com Israel.
O regime iraniano se apressou a apontar o dedo para seus inimigos americanos e israelenses após as duas explosões no memorial de Soleimani, morto há quatro anos num ataque de drones dos EUA. A contar pelas reações em Israel, essas especulações não são levadas a sério, mais uma vez pelo modus operandi do ataque, que teve como objetivo uma multidão e não um alvo específico.
Conforme atestou o analista de defesa Amos Harel, do jornal “Haaretz”, as explosões no Irã não são obra israelense: “Os sinais indicam um ataque do movimento Estado Islâmico ou de uma das facções radicais da oposição muçulmana sunita. Isto não impediu as autoridades iranianas de culpar Israel, mas as suas palavras não pareciam ter muita convicção.”
De todas as formas, o assassinato de Arouri, no Líbano, e o ataque terrorista no Irã agravam as tensões no Oriente Médio e elevam as chances de extensão do conflito. O remanejamento de forças israelenses da Faixa de Gaza sinaliza que o foco da guerra se deslocou para o Norte do país e está mais centrado em atingir a rede do Hamas fora do território palestino e, por consequência, seus apoiadores do Hezbollah e do Irã.
Edifício atingido por ataque com drones em Daniyeh, subúrbio de Beirute, no Líbano, em 2 de janeiro de 2024.
Mohamed Azakir/ Reuters
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